A mineração de carvão está cada vez mais moderna, com métodos de extração mecanizados e rigorosos cuidados ambientais. Um dos principais pontos de atenção de uma mina são os recursos hídricos, tanto a água utilizada no processo produtivo como os rios do entorno das unidades.
Para se ter ideia da evolução desta área, a engenheira Rosimeri Venâncio Redivo, Superintendente Industrial, de Qualidade, Novos Produtos e Licenciamento da Rio Deserto, explica que antigamente eram necessários 4 m³ de água para a extração de 1 tonelada de carvão bruto, o chamado ROM, enquanto atualmente é utilizado 1,5 m³ de água no processo.
Esta redução foi possível especialmente pelas mudanças de métodos de retirada e beneficiamento do carvão. As bacias de decantação foram substituídas por filtros prensa e espessadores de lamelas. Também foi adotado o processo de backfill, técnica em que o rejeito retorna para o subsolo, sendo recolocado nas galerias, preenchendo os espaços vazios onde antes havia carvão mineral.
Ao adotar este procedimento, a Carbonífera Catarinense, com duas unidades de mineração localizadas em Lauro Müller, foi a primeira mineradora de carvão a encerrar completamente o uso de barragens. O fechamento das barragens iniciou-se em 2018, envolvendo vários estudos que atestaram a segurança e estabilidade das duas áreas. Em setembro de 2019, a Agência Nacional de Mineração oficializou a desativação da Barragem Boa Vista, retirando-a do Cadastro Nacional de Barragens de Mineração. As duas barragens hoje estão inoperantes e recuperadas.
Tratamento de efluentes
O coordenador ambiental da Mina 101, engenheiro Felipe Medeiros Bertoncini destaca a atenção dispensada aos recursos hídricos em todo o processo produtivo.
“Todo o efluente da mina é tratado. Toda a água é bombeada do subsolo ou do processo de beneficiamento do carvão, passando por este tratamento, permitindo que retorne para o meio ambiente com todos os padrões de qualidade exigidos pela Legislação Ambiental”, explica.
No caso da Unidade de Extração Mina 101, da rio Deserto, em Içara, a água tratada proveniente da mineração é aproveitada na rizicultura. “É um efeito benéfico que a mina trouxe para Içara. A Legislação Ambiental continua se aprimorando e as empresas vêm se adequando”, completa.
Recuperação ambiental
Até o momento, dos 6.503,74 hectares de áreas impactadas pela mineração de carvão, 45,55% são áreas em processo de recuperação ambiental. Rios e córregos da região sul de Santa Catarina também são beneficiados. O monitoramento dos rios mostra reduções significativas nas cargas de acidez. O Rio Rocinha, em Lauro Müller, por exemplo, teve redução de carga de acidez em mais de 80% quando comparado à situação anterior ao início dos trabalhos de reabilitação.