Os reflexos negativos da invasão russa na Ucrânia sobre a oferta e os preços globais dos fertilizantes levaram a Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM) a tirar da gaveta diagnósticos que sustentam que a matéria-prima também pode ser utilizada para a produção de adubos.
Normalmente usado para a geração de energia elétrica ou na indústria siderúrgica, o carvão mineral, após um processo de gaseificação, também pode gerar amônia e ureia. Não há nada implantado ou em curso no país nesse sentido, inclusive por causa de preocupações ambientais, mas a possibilidade existe.
Segundo Fernando Zancan, presidente da ABCM, há reservas que poderiam ser destinadas à produção de fertilizantes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Mas, além de problemas de licenciamento, os altos custos de prospecção e processamento também teriam que ser compensados pelos preços de comercialização dos subprodutos.
Em uma “conta de padaria”, um projeto para a produção de 1 milhão de toneladas de ureia custaria, no total, US$ 1,6 bilhões. E demoraria quatro anos para entrar em operação, período em que os preços internacionais atuais, que estão em patamares recorde, poderão recuar.
O Brasil é um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo. As compras no exterior – a Rússia foi a principal origem – alcançaram 39,2 milhões de toneladas, quase 20% mais que em 2020, enquanto a produção nacional aumentou 7,3%, para 6,9 milhões de toneladas.
Assim, as importações representaram quase 86% das entregas das misturadoras aos clientes finais no Brasil (revendas e grande produtores rurais), que atingiram 45,8 milhões de toneladas.